sábado, fevereiro 02, 2008

Meine L.

Estava sentada na areia, olhando os movimentos de ir e vir das ondas, um cachorro que brincava de pegar uma bola ali perto, os pequenos veleiros descansando no mar.

Ela sentou do meu lado e disse que nunca viu uma pessoa tão triste.

Olhei pra ela e vi uma mulher com algumas rugas de expressão, um sorriso sincero adornado por brincos demasiado grandes pro seu rosto. Logo pensei que ela fosse uma hippie, vendendo alguma pedrinha que me traria sorte. E era.

Ressaltando apenas que, ela conseguiu enxergar cada partícula de desespero contida em mim, e ansiava saber o que tornava meus olhos tão vazios.

E eu não pude lhe dizer. Eu não posso me dizer.

Ela continuou a sorrir, e me disse coisas como se me conhecesse há anos, eu fiquei assustada, mas concordei que ela tinha razão.

— Você ama uma pessoa tão intensamente, que dói.

— Como você sabe?

— Dá pra sentir.

— Vai parar de doer?

— Não. Você vai amar essa pessoa pra sempre.

— E o amor resiste à eternidade?

— Sim, essa pessoa vai sempre estar em sua vida. Seja nessa, ou nas outras que virão. E você sempre vai amá-la.

Então, ela me deixou ali, sentada na areia, vendo o mar, pensando naquilo que eu meio que já sabia.

Ela não perguntou o meu nome, e eu não perguntei o dela.

Lembrar-me-ei dela apenas como a vendedora hippie que não tentou me vender nada, mas viu o que não deveria.

Viu a mim, e não teve medo.

Um comentário:

Anônimo disse...

E o amor resiste à eternidade?

Quero um amor igual ao que você sente, então... Quem sabe um dia.