domingo, outubro 10, 2010

Anjos choram sangue.


Hoje eu percebo que tenho ninguém, que nós somos fadados a nascer sozinhos, que nós somos forçados a ter uma vida, mesmo que a gente não queira, mesmo que a gente não tenha pedido por isso.
É que nem aquela música do John Lennon diz:

"As soon as you're born they make you feel small
By giving you no time instead of it all
Till the pain is so big you feel nothing at all"

Ah, e isso me dói tanto, me dói pensar que cada pessoa com quem eu me importo e dou o meu amor, vai embora.
Nasci sozinha, vivo em solidão e vou morrer sem ninguém. Tem pessoas que acreditam que isso muda um dia, que o ato de viver se faz acompanhado, mas é aquela velha expressão que nos remete a anos que já se foram e não vão mais voltar, somos sozinhos juntos.
Acho que a gente se vicia nessa solidão acompanhada, que quando a gente se pega sem, o desespero toma conta.
E é esse o meu estado de espiríto hoje, é o desespero que me consome e me faz chorar quando ninguém ta olhando, é aquele abismo de onde eu me joguei e o fim não chega...
Isso acontece porque todas as pessoas que eu amo, e preciso para não me afogar em mim mesma, se fazem presentes em ciclos na minha vida, às vezes estão presentes e me amam também, às vezes vão embora e lembram de mim como um ex-amor.
E aí, depois de algum tempo elas voltam, como se nunca tivessem ido embora e me deixado aqui. E eu sempre perdôo, nunca digo não, porque continuo amando-as, talvez com a mesma intensidade, talvez mais.
Eu amo você sempre, mas eu odeio você hoje, nesse exato instante.
Eu odeio o fato de você ter a sua vida tão distante da minha, e odeio a maneira como você parece não se importar com isso.
Hoje, talvez apenas hoje, eu não estou disposta a te dar o meu amor, o meu perdão, e me deixar ser enganada mais uma vez.
Mas, talvez hoje, apenas hoje, eu preciso que você volte e me ajude a sair desse lugar escuro e triste onde eu entrei por conta própria...

"No one cares when you're out on the street
Picking up the pieces to make ends meet
No one cares when you're down in the gutter
Got no friends, got no lover"

O meu pecado? Talvez seja amar demais, amo tanto que dói em mim e em quem recebe o meu amor.
Porque o meu amor é um veneno, primeiro você vai se viciar, mas depois você vai querer fugir, se desintoxicar.
Mas só quem um dia já me amou de volta, sabe que eu chego a ser mais frágil que uma boneca de porcelana, e que eu já fui quebrada tantas e tantas vezes, que fica difícil juntar os cacos e reconstruir meu coração, meu sorriso perdido, e me dar olhos que não sejam pedacinhos de vidro sem brilho e vazios.
Às vezes eu acredito que esses danos são irreparáveis, e às vezes eu simplesmente ignoro tudo isso, e vou empurrando a minha vida para debaixo do tapete, sem sentir, sem pensar, sem sonhar. Apenas uma representação de gente, que finge sentir, mas não sente.
Mas, se duvidar, até o não sentir seja fingimento, porque eu quero acreditar que é melhor sentir nada, do que sentir todos os pedacinhos trincados, raxados e quebrados do meu ser.
Eu sei quem eu sou, ao mesmo tempo que sou ninguém.
É esse o meu drama, é essa a vida que eu quero esquecer e deixar para trás, e é isso que proporciona o sorriso amarelo e choroso que sempre estampa meu rosto.
Queria apenas não ser eu mesma, enquanto gostaria de ser Larissa com toda a intensidade possível.
Tem como?
Algum dia isso vai parar de doer?
Ou vou ser apenas uma menina mimada falando devaneios para pessoas que talvez me amaram um dia, talvez nunca me amaram, ou ainda me amam?
Provavelmente estou fadada a ser ninguém...
Ou apenas alguém, que vai te amar para sempre em segredo!

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