domingo, junho 29, 2008

Desespero

Hoje, eu chorei aquelas lágrimas que roubei de você, no tênue fio da navalha que enxugou seu rosto delineado de uma boneca, misturadas ao sangue que lhe tirei à força.
Lembrei, então, do seu desejo de que eu brincasse com você.
Depois de te beijar.
Depois de te lamber.
Depois de te bater.
E depois de te usar, para manter minha existência infame.
Senti o seu desespero correndo pelas minhas veias, ao perceber como fui capaz de desacreditar o seu sonho infantil.
A sua angústia passou pelos meus olhos, no momento em que lhe traí.
E meu coração parou, no momento em que seu sangue envenenou o meu, quando lambi as suas lágrimas, que percorriam o meu rosto.

Nenhum comentário: