domingo, março 14, 2010

Ces't moi?


Meu nome é Larissa, embora muitas vezes eu tenha preferido tentar ser outra pessoa; por algum motivo obscuro, sempre quis ser quem não sou, sempre fugi de mim mesma. E mesmo que às vezes eu possa ser Lari, Lô, Lissa, ou simplesmente L. (meu preferido), nada me isenta de ser Larissa.
E é esta Larissa, que odeia mais que qualquer coisa um público, mas que ama com todas as forças um palco. Para mim, a vida consegue ser uma tragédia meio cômica, representada na arena do coliseu, onde todos podem te ver de vários ângulos, e é por isso que devemos atuar e fingir o tempo inteiro, para que evitemos o susto que as pessoas levariam se visualizassem o eu real de uma pessoa, que vai muito além do que é mostrado.
"Nunca somos nós mesmos quando há platéia", mas muitas vezes me pergunto se a maior parte do tempo podemos ser verdadeiros com nós mesmos, ou se estamos tão fodidamente perdidos que não sabemos nem mesmo quem somos; e com um certo pesar, meu voto pertence à segunda opção. A sutil diferença entre uma pessoa e outra está na capacidade de ignorar isto ou de disfarçar.
E eu acredito que a grande maioria ignora, e às vezes tão bem, que chegam a crer cegamente que sabem exatamente quem são, o que estão fazendo e que têm uma vida perfeita. A outra parte, que é menor (e provavelmente são as pessoas mais interessantes), é a que finge, é a parte que atua no teatro da vida e tem a face sempre pintada por mentiras irrisórias, acompanhadas de um meio sorriso nos lábios e um levantar de sobrancelhas, que se chega a crer que isso tudo é real.
Estas são as pessoas que perdem a razão, a identidade e o juízo, mesmo que por breves momentos, afinal, chega a ser insustentavelmente leve o ato de enganar, e deve ser daí que vêm os surtos, que são os segundos de escárnio que revelam a verdadeira face humana. E eu garanto que esta verdade pode ser tão assustadora, que é por isto que existem hospícios e aqueles ditos loucos, pois tudo aquilo que destoa da maioria tem o direito de ser negado.
Então, quem diabos é você, Larissa? - você me pergunta. E o que eu posso responder sinceramente, é que eu ainda não sei bem, mas como toda pessoa sensata, eu escolhi uma das opções apresentadas anteriormente, e até digo que por isto, talvez eu seja uma pessoa interessante (e nada modesta).
Sendo assim, Desconhecido, eu sou Larissa, uma pessoa que nasceu há 20 anos (o que não significa muito, visto que o tempo não é linear), que vive uma vidinha fingida, que às vezes caminha entre a linha que separa a sensatez da loucura, e que, principalmente, escolheu fingir que tudo está bem, que os ataques de pânico interiores não devem transparecer e que a platéia vai estar presente sempre, ansiando por ser agradada. E definitivamente, eu odeio agradar.
Eu sou uma pessoa de extremos, e os meus extremos são o amor e a indiferença, pois há pouco descobri que o ódio é inerente ao amor, e por mais que eu ame uma pessoa, em algum momento vou odiá-la.
Mas veja só, meu caro Desconhecido, é aí que tudo o que eu acabei de falar desmorona diante de meus olhos, pois há tempos eu tenho perdido o controle, e há tempos eu tenho desaprendido a arte de fingir, e há tempos eu tenho mostrado meus sentimentos e verdades.
Então, ou eu estou cada dia mais perdida do que nunca, ou tenho acertado o caminho para descobrir quem eu sou.
Definitivamente eu não sei...

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